Por vezes me sinto um completo estranho vendo os fatos, contados através de imagens, pelas pessoas nas redes ditas como sociais. São tantas imagens bonitas de lugares distantes, praias desertas no meio do nada e grandes restaurantes com milhares de estrelas. Aí penso no torresmo gorduroso que como no bar da esquina, acompanhado da cerveja gelada no copo americano e vejo que minhas imagens não são tão impressionantes assim para serem postadas.
As minhas frases edificantes e meus devaneios são sem graça. Não tenho a perspicácia de encontrar a citação certa para o momento certo. Da minha janela mal vejo a parede do vizinho, o que dirá o lindo por do sol que postam diariamente como que em agradecimento ou apenas para desejar um bom dia aos “amigos”. Realmente tenho pouco ou quase nada a compartilhar com o mundo.
Poderia postar a foto da minha panela cheia de sopa, fiz ontem, um panelão, e estava deliciosa, mas não tão fotogênica quanto as que vejo. Talvez fosse melhor postar a caneta que ganhei de brinde no trabalho, mas essas canetas de brinde são todas iguais e ninguém ia achar graça.
O problema não é minha nada glamorosa vida, eu é que acho desnecessário ficar expondo minhas mazelas por aí. Não recrimino os que gostam ou precisam contar todas as coisas que acontecem em suas vidas, cada qual sabe de si e Deus e todos os curtidores sabem do resto.
