domingo, julho 28, 2013

A segunda letra

a segunda letra

- Não, você não é a primeira e nem a terceira, você é a segunda.
- Como? Segunda?
- Sim, você é a segunda letra do alfabeto.
- Segunda letra?
- Isso, o B.
- Eu sou burra demais ou você está viajando, dá para explicar melhor?
- Você é o meu plano B.

Eu, Carolina Marinho Costa Alcântara, fui alçada ao posto de segunda letra do alfabeto, por um cara em quem acreditei e achei que era uma pessoa séria e com sentimentos. Fui relegada a plano B, a segunda opção, a válvula de escape, a estepe, reserva. O pior é ouvir isso estando nua, em uma cama de motel de terceira, abraçada a este cara.

Confesso, ele pode ser tudo, mas tem coragem e muita cara de pau para falar isso assim sem medo, como se fosse a coisa mais normal do mundo. É uma coisa simples, você sai com uma pessoa, dorme com ela e no fim diz que ela é apenas aquela que você procura quando não tem mais nada melhor para fazer. Acho justo.

Acho justo, mas não nasci para ser essa pessoa e quem ele pensa que é, esse filho da puta, para pensar que eu acharia isso normal. Será que por algum motivo, queda do berço, ingestão de merda quando criança, ou trauma de infância, ele se acha o tal? Ele pensa que é o único homem da terra? Ou pior, imagina que alguma mulher vá ficar feliz em ser o seu plano B?

- Seu plano B. Você acha mesmo isso? Acha que eu vou aceitar o fato de que você me considera dispensável e que só está aqui comigo porque o seu plano A não estava disponível?
- Não é isso, você está entendendo tudo errado...
- É, eu estou entendendo errado e estou fazendo isso desde que resolvi começar a sair com você.
- Não fale assim docinho...

Docinho? Eu lá sou mulher de ser chamada de docinho? Ele é mesmo um infeliz. Somente uma pessoa sem consideração alguma pode chamar uma mulher, que ele considera como sobressalente, de docinho. Onde eu estava com a cabeça quando perdi horas no shopping escolhendo a lingerie certa, o sapato adequado, a roupa perfeita.

Arrependimento não mata, mas maltrata. Escolhas erradas trazem grandes consequências.

- Nem vou me dar ao trabalho de responder a esse seu “elogio” e muito menos dizer que foi bom ou ruim. De vez em quando cometemos erros e você foi um desses que cometi.
- Você está dizendo que vai embora? Vai me deixar aqui? Ainda temos oito horas para curtir e nem tomamos banho de piscina ou fizemos sauna.
- Depois de tudo o que você me disse, ainda acha que quero tomar banho de piscina e fazer sauna?
- Sabe quanto me custou essa suíte? Não, você não tem noção, só está preocupada com seus chiliques de mulherzinha, com suas dores existenciais. Vocês não conseguem aceitar quando são confrontadas com a verdade.
- É, tem razão, não sabemos aceitar a verdade e é por isso, que vou embora. Vou embora para não ser obrigada a me deitar com essa “verdade”, nadar com essa “verdade” e fazer sauna com essa “verdade”. Vou embora porque essa “verdade” me faz mal.

A sensação de alivio depois que você manda um babaca a merda é indescritível, todas as mulheres deveriam experimentar. É uma libertação tão profunda que chega a ser inacreditável de tão bom.

Agora é apagar para sempre o telefone dele da agenda, esquecer a noite que passou e cuidar para nunca mais cair na lábia de um Zé Mané vestido de príncipe, mas com cérebro de jumento.

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