quarta-feira, dezembro 07, 2011

Camila 2

camila

Depois da última noite de festa
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
As coisas aconteciam com alguma explicação
Com alguma explicação

Quatro da manhã sentada no meio fio vomitando o último pedaço de salmão que estava no estomago, Camila não se parecia em nada com a moça linda de algumas horas atrás que adentrou aquela mansão no Morumbi para a festa de despedida de sua melhor amiga.

Nada acontece por acaso, até mesmo as maiores merdas tem alguma razão para acontecerem. Vodca barata, uísque oito anos, cerveja nacional, não importa, tudo tem alguma explicação.

Depois da última noite de chuva
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
Às vezes peço a ele que vá embora
Que vá embora

Eduardo o ex de Camila, não só foi à festa como foi acompanhado da Ester. Nada disso teria importância se Camila ainda não fosse perdidamente apaixonada por ele e altamente propensa aos maiores porres quando se sentia contrariada.

O tempo demorava a passar, a festa não tinha hora para acabar e Camila não sabia se ia ou se embarcava em mais uma garrafa.

Camila
Camila, Camila

Eu que tenho medo até de suas mãos
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega

Duas, três, quatro garrafas depois, ela estava pronta para desferir um potente soco no rosto do Eduardo e rasgar o vestido da Ester. Segura pelos seguranças da casa, consolada pelos amigos e amparada por sua melhor amiga, as lágrimas foram o que lhe restou.

E eu que tenho medo até do seu olhar
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega

Todos os olhares de dúvida e reprovação eram para ela. A banda parou de tocar e a festa silenciou como que esperando uma resposta para toda aquela demonstração de selvageria gratuita.

Camila foi levada a se acalmar, mas não se acalmou. Ela não queria ficar calma, não aquela noite, não naquele momento.

A lembrança do silêncio
Daquelas tardes, daquelas tardes
Da vergonha do espelho
Naquelas marcas, naquelas marcas

O rosto vermelho de ódio e choro. As mãos machucadas e o vestido rasgado. A dor no peito e o sangue fervendo. Nada mais fazia sentido e ela só queria não ter estado ali.

Correr pelo jardim a procura da saída, tropeçar em suas próprias pernas e cair, se sentir a pior das mulheres e não ter forças para desaparecer.

Havia algo de insano
Naqueles olhos, olhos insanos
Os olhos que passavam o dia
A me vigiar, a me vigiar

E os olhares, todos aqueles olhares de não contentamento. Olhares de repulsa, de medo e de ódio. Eram para ela, estavam falando e rindo dela.

Era o fim ali na sua frente. Todos os sonhos, os planos, as idéias agora eram apenas ruínas. Nada mais poderia ser feito.

Camila
Camila, Camila

E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava a minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer

Texto a partir da música Camila Camila do grupo Nenhum de nós.

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