quinta-feira, outubro 13, 2011

Morena por opção, loira por vocação 2

loira por opcao
Não vou entrar em detalhes sobre o Danilo e nem sobre o nosso término. Foi bom enquanto durou e só. Ele sempre foi atencioso e todo aquele blá, blá, blá de sempre. Corno só algumas vezes.

Estou sozinha de novo, solteira e muito bem. Sempre tem alguém do outro lado da cama porque assim como todas as outras mulheres da face da terra, eu preciso de um bom sexo de quando em vez para manter a pele em ordem. Não tem jeito, se ficar mais de uma semana sem uma boa trepada eu simplesmente não existo.

Ainda continuo morena e pintando meus fios ruivos todas as vezes que percebo que a tintura está indo para o espaço. É o preço que eu pago por querer ser morena, exatamente quinze reais e noventa e nove centavos, que é quanto custa à porcaria da tintura na farmácia.

Poderia usar as do salão da Ester, mas não costumo misturar as coisas e até por isso que nunca sai com nenhum cliente do salão. Quase todos os que apareceram por lá e não eram homossexuais, tentaram e ainda tentam alguma coisa, mas aprendi desde cedo que onde se ganha o pão não se come a carne.

Dá vontade? Muita. Até porque o que aparece de homem bonito, sarado e gostoso no salão não é brincadeira. É essa moda de metrossexual, de que homem tem que se depilar, fazer as unhas e passar creminho que leva essas maravilhas ao salão da Ester.

Estou no segundo ano da faculdade de direito e confesso que estou muito atrasada, pois a essa época já era para estar advogando e seduzindo juízes nos fóruns por aí. Fazer o que? Dei mole.

Tranquei, destranquei, voltei, parei, fiz um monte de merda e decidi colocar a cabeça no lugar. Acontece com todo mundo e comigo não seria diferente só porque sou gostosa desse jeito. Não dou para professores e muito menos para alunos, sei separar o joio do trigo.

Se tivesse dado, por exemplo, para o professor de penal já no fim do primeiro ano, aquele velho gordo barbudo, hoje já estava com o diploma pendurado na parede e ele com um sorriso no rosto por ter comigo a melhor mulher que aquela faculdade já viu. Às vezes me pergunto o que a minha bunda faz sentada naquelas cadeiras infectas daquele antro e nunca encontro a resposta, apenas uma voz lá dentro me diz que as coisas são como tem de ser. Provação divina?

Nem uso calcinhas novas quando vou para a aula, acho um desperdício colocar minhas rendas da Hope de mais de cinqüenta reais para que aqueles idiotas fiquem vendo. Um bando de nerds achando que são doutores apenas porque carregam livros pesados nas costas e vestem ternos parcelados em dez vezes de dezenove e noventa. Eles acham que podem ficar me olhando quando vou de mini saia, sempre, por debaixo das cadeiras. Tolos.

Depois vão todos desesperados para o banheiro aliviar a tensão acumulada. As meninas, umas falsas, falam comigo com aquele olhar de desprezo e algumas têm a petulância de achar que podem se igualar a minha pessoa. Passam o dia na academia, no salão, vão para a aula em carros importados e mesmo assim conseguem ser tão desprezíveis quanto um rato de esgoto.

Eu ralo o dia todo no salão, tomo uma ducha, levanto bem a saia e arraso pelos corredores, apenas isso. É minha sina, só pode.
Uns nascem para coadjuvantes, outros nem para isso. Eu nasci ruiva, virei morena, mas sou loira por vocação.
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