sábado, abril 09, 2011

Maíra

maira

Fim do expediente, mas não fim da segunda-feira. Fim da jornada de trabalho, mas não fim do dia.

A Lílian esquece. Cantei a pedra, joguei a minha cantada mais barata e vagabunda, crente que ia colar e nada. Dei com os burros na água. Acontece, não se ganha todas.

- Alô Maíra? Tá sem fazer nada ou está sem nada fazer?

- Estava apenas esperando uma ligação como essa. Manda o local e a hora.

- Sua casa agora, abre a porta. Trouxe cerveja, prepara os petiscos.

Quando me separei da Ângela pela primeira vez a Maíra foi quem me consolou, mas não teve nada de sexo na história. Diferentemente da Flávia que eu peguei e depois fiquei amigo, com a Maíra não rolou nada, a gente bebia sem compromisso e falava merda. Apenas isso.

Contei para ela o lance da Lígia, o fora da Lílian e enquanto ela cortava uns queijos fedidos na cozinha, ouvíamos um pouco de Chat Baker. Mesmo cansado da segunda feira, eu tinha de sair para jogar conversa foram com alguém.

No sábado eu tentei fazer isso com a Inês, mas acabei na cama com ela e com a Ivete. Com a Maíra, como isso não ia acontecer, apenas jogávamos conversa fora.

- Onde você arruma tanta disposição? Quando eu crescer quero um fígado desses para mim. Você passou o fim de semana inteiro bebendo e ainda consegue mais em plena segunda-feira.

- Desencanei desse lance de chegar todo inteiro no céu. Não sei a vibe que rola lá, portanto vou gastar o que eu posso aqui e chegando lá eu vejo o que dá para aproveitar.

- Mas e aí, vai ficar fazendo lanchinho com a estagiária ou pagar de namoradinho da criança?

- Nem um nem outro, já mandei passear e ela é uma menina esperta, sacou que o lance era apenas tesão do momento.

- Por isso que estou sozinha, dar de frente com um cara do seu naipe, que só pensa no próprio prazer não faz o meu estilo.

- Para de palhaçada Maíra e vai dar esse lombo por aí que você ganha mais.

Ela morou dois anos em Amsterdã e três em Londres, conhecia a vida lá fora e achava o Brasil um lugarzinho bosta para se viver. A família, sempre ela, tanto fez que ela voltou. Já estava planejando a nova aventura, dessa vez no Canadá e me dizia que dessa vez era para nunca mais por os pés aqui.

Formada em culinária nunca colocou os pés em uma cozinha que não fosse a sua. Na casa dos amigos, se limitava a dizer que faltava isso ou aquilo nos pratos, mas nunca quis cozinhar para ninguém e nem ser banqueteira de marmanjo. Tai, Maíra é que era esperta, vivia a life sem se preocupar e ainda arrumava tempo para perder comigo.

Interfone tocando. Visita de última hora na casa da Maíra, às dez da noite de segunda? Qual pobre alma estaria perdida na rua em uma noite dessas?

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